A “doença do silicone” é um termo derivado do inglês “breast implant illness”, que vem sendo muito empregado para definir um conjunto de sintomas sistêmicos e inespecíficos associados à prótese de silicone. Essa patologia não é comprovada cientificamente, muito menos descrita na literatura médica e ainda não reconhecida por órgãos como a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e a Americana. Depois que o assunto se popularizou nas redes sociais, o explante começou a ser desejado por muitas pacientes. Dados da pesquisa internacional realizada em 2021 pela International Society of Aesthetic Plastic Surgery (ISAPS) (Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica e Estética), mostram que houve um aumento em cirurgias de explante de 33% entre 2016 e 2020, no mundo inteiro. O explante não é a única alternativa para os casos de pacientes que apresentam sintomas.

Existem relatos de duas complicações de saúde associadas a utilização de próteses de silicone mamária: a doença do silicone e a síndrome ASIA. A Síndrome Autoimune Induzida por Adjuvantes (ASIA) pode ter como causa a prótese de silicone, mas não exclusivamente. Pode ser provocada também por outros adjuvantes, como vacinas, próteses ortopédicas e preenchedor facial, que o organismo entende como corpos estranhos e, consequentemente, aciona uma resposta de defesa. Essa reação desperta uma doença autoimune que acarreta, entre outros sintomas, dores, boca seca, perda de memória, cansaço, perda de cabelo e distúrbios do sono.

Em outubro de 2019, a Food and Drug Administration (FDA), agência federal do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos, publicou um guia de recomendações aos fabricantes de implantes para a nova rotulagem dos implantes mamários. A agência aconselha às empresas que:
– expliquem os riscos dos implantes mamários e descrevam os procedimentos cirúrgicos usados para implantá-los;
– forneçam informações sobre implantes mamários preenchidos com solução salina e gel de silicone, incluindo dados que suportam uma garantia razoável de segurança e eficácia, cartas de aprovação, rotulagem e informações sobre estudos pós-aprovação;
– forneçam informações sobre linfoma anaplásico de células grandes (ALCL); e
– incentivem as pacientes a relatar eventos adversos associados a implantes mamários.

Uma das decisões mais importantes sobre a mamoplastia de aumento é definir se serão usados implantes salinos ou de silicone. Ambos os tipos de implantes são disponibilizados em formatos, tamanhos e texturas similares, mas a diferenciação está no preenchimento do implante. Os implantes de silicone são feitos de uma concha de borracha de silicone e são inteiramente preenchidos com gel do material, tendo uma sensação que se assemelha mais ao tecido mamário natural. Os implantes salinos possuem a mesma concha de borracha de silicone, mas são preenchidos com uma solução salina estéril. A solução salina possui a mesma concentração de sal que o organismo, portanto não apresenta nenhum risco à saúde. Os implantes de silicone são considerados seguros e são aprovados pelo FDA americano.

Riscos

Consulte seu cirurgião para entender:
– como os implantes podem afetar a amamentação e as mamografias;
– os riscos como ruptura ou contratura capsular, nos quais o tecido cicatricial pode comprimir e deformar o implante;
– as opções para avaliações futuras, uma vez que os implantes não duram eternamente.

Procuro sempre conversar e orientar as pacientes que desejam realizar a mamoplastia de aumento em relação ao que devem esperar do procedimento, seus riscos e resultados.

Fontes: NCBI – WWW Error Blocked Diagnostic
https://www.isaps.org/wp-content/uploads/2022/01/ISAPS-Global-Survey_2020.pdf
RBCP – Breast Implant Illness: where are we and where are we going?